terça-feira, 18 de novembro de 2008

trabalho jornalismo científico 4º bimestre

Jornalismo Científico
Leia a seguir a entrevista concedida, em 29/10/2001, ao programa Roda Viva da TV Cultura pelo médico e pesquisador Luiz Hildebrando, um dos maiores especialistas mundiais em doenças tropicais, como a malária. Na entrevista, ele defende que os avanços tecnológicos devem visar também a resolução de problemas básicos de saúde.
Exercício:
1. Leia atentamente o diálogo da entrevista
2. Redija uma notícia de 20 linhas sobre o assunto



texto

Na entrevista de Hildebrando fica claro que a preocupação do meio científico – em especial do mundo desenvolvido – tem como principal preocupação o lucro e a vaidade acadêmica, ao invés dos benefícios gerados descobertas científicas a toda humanidade. Ao revelar a despreocupação, por exemplo, da pesquisa farmacêutica em relação às doenças tropicais, Hildebrando revela um universo comum ao meio científico e praticamente desconhecido do público comum: os lobbys.

Estes lobbys têm objetivado atrair investimentos e capital político, econômico e científico para seus interesses naquele momento. O que a descoberta de uma cura para a malária renderia para os grandes laboratórios? A resposta é: prejuízo. Para essas corporações é muito mais interessante que o número de vítimas aumente. Dessa forma seus remédios serão consumidos por um número maior de pessoas gerando, conseqüentemente, um maior lucro.

Da mesma forma, é interessante buscar a cura de doenças que acomentem um número maior de pessoas nos países desenvolvidos. Cada doença curada aumenta a credibilidade e o poder político destas corporações. Isso aumenta o valor da empresa no mercado, facilita a fluxo de investimentos em pesquisa pelo setor público e garante, obviamente, a manutenção do “status quo”
Exercício de Jornalismo Científico

1. PROPOSTA
Leia o texto do pesquisador Sérgio Danilo Pena, publicado na seção “Tendências e Debates” da Folha de S. Paulo, em 2006, sobre o conceito genético de raças.
Leia o comentário da bióloga e divulgadora Maria Guimarães, publicado no blog Ciência e Idéias, em 2007, e acesse as páginas referenciadas por hiperlink (Crtl).
Redija, então, um comentário jornalístico de 20 linhas de forma a contribuir nessa discussão. Publique o comentário no seu blog. Se quiser, use hiperlinks.


O meu negócio é etnia

Toda a discussão em torno do termo e do tema “Raça” não faz mais sentido -- não só como argumenta Maria Guimarães-- em relação ao Brasil, como também no universo científico. Desde os princípios da era genômica ficou claro aos cientistas que esse conceito não poderia ser validado. Basta tomar como exemplo as diversas “raças” de cachorros existentes.

Genéticamente, por mais diferença que apresentem em seu fenótipo, todas são simples cachorros. Obvio que existem algumas poucas diferenças entre uma população e outra mesmo dentro de uma única espécie. Algumas são mais propensas a um certo tipo de doença, outras mais adaptadas a um tipo de alimentação ou de clima, no entanto, desde que em contato podem interagir e, mais além, seus indivíduos podem se reproduzir entre si. A raça vai por água abaixo!

Outra aspecto importante, na colaboração dessa discussão, é o fato de que na biologia não se fala em raças, mas em subespécies. Essa classificação é científica e segue a norma proposta por Lineu e adotada pelos taxonomistas e filogênistas. Entretanto, descobrir e comprovar a existência de uma subespécie é um processo tão complexo quanto a descrição de uma espécie e de um gênero.

Aparentemente toda essa discussão foi gerada em relação à adoção de políticas de ações afirmativas e de cotas “raciais” nas universidades brasileiras. O que mais assusta é pensar que existam pessoas teóricamente “qualificadas” travando um debate com argumentos tão equivocados. O primeiro erro é tratar origem étnica como origem “racial”. Logo em seguida, cometem o erro de excluir dessa discussão às condições sociais a que estão submetidas as “raças”.

Contudo, o aspecto que mais assusta encontrar referências claras de idéias amparadas no decrépito Darwinismo social e, em sua oposição, o vago discurso da mestiçagem da elite brasileira.

exercício jornalismo científico 4º bimestre

UNIARA – Curso de Jornalismo
Jornalismo Científico
Exercício: Redija títulos e subtítulos para as noticias a seguir, conforme indicações.

Homero, o historiador-astrônomo
Pesquisa norte-americana revela que pensador grego também era conhecedor do céu
[Subtítulo de 70 a 80 caracteres]
da Folha de S.Paulo
Historiadores, escritores e arqueólogos debatem há muito tempo sobre até que ponto a literatura da Grécia antiga é uma fonte histórica confiável. Se os relatos sobre o que ocorria na Terra naquela época ainda deixam margem de dúvida, porém, astrônomos acabam de mostrar que o grego Homero descrevia com grande rigor cronológico o que ocorria no céu. Um massacre descrito em sua "Odisséia" provavelmente aconteceu logo após um eclipse em 16 de abril de 1178 a.C.
A data --que se refere a um evento supostamente ocorrido dez anos depois da guerra de Tróia-- surgiu dos cálculos de uma dupla de cientistas da Universidade Rockefeller, de Nova York. Constantino Baikouzis e Marcelo Magnasco vasculharam os textos de Homero atrás de uma série de referências astronômicas para tentar recompor os céus da época e resolver uma série de questões de interpretação sobre o texto.
Uma das dúvidas era se a própria menção do personagem Teoclímeno a uma "escuridão funesta" era mesmo a um eclipse. Ele faz uma espécie de presságio sobre o massacre que seria cometido pelo rei Odisseu ao voltar da guerra de Tróia. Após viagem tumultuada que durou dez anos, o monarca chegou a Ítaca para encontrar um séquito de pretendentes cobiçando sua mulher, Penélope, e decidiu matar todos.
Apesar de a linguagem metafórica da "Odisséia" deixar margem para dúvidas, a tese do eclipse é reforçada pelo fato de Homero mencionar que a noite seguinte ao massacre fora de Lua Nova, uma pré-condição necessária a um eclipse solar.
Como eclipses totais são fenômenos relativamente raros --ocorrem em média a cada 370 anos para cada ponto da Terra-- não foi difícil escolher um como candidato: o de 1178 a.C., no oeste da Grécia, o mais próximo da data estimada da guerra de Tróia. Determinar o dia, porém, foi bem complicado.



Reposição óssea será
realidade em 5 anos

Fármaco desenvolvido na USP pode controlar processos de crescimento de tecidos [Título em duas linhas de 18 a 23 caracteres]
[Subtítulo de 70 a 80 caracteres]
da Folha de S.Paulo
Em três anos, numa visão otimista --ou cinco, na pessimista--, o Brasil terá seu primeiro biofármaco 100% nacional para reposição óssea. O desenvolvimento científico do produto é de responsabilidade do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo). Os cientistas já têm um acordo com uma empresa brasileira, que será a responsável por dar escala comercial ao invento.
"O fato de o produto ser feito exclusivamente no Brasil vai diminuir os custos da aplicação para o Sistema Único de Saúde", explica Mari Cleide Sogayar, principal responsável pelo projeto. O grande salto evolutivo que o grupo conseguiu foi domar a superproteína BMP, que participa de vários processos de crescimento ósseo e de outros tecidos de mamíferos, desde o embrião até a fase adulta. "Ela é uma proteína bastante complexa", diz Sogayar.
Muito conhecidas e usadas nos EUA, duas versões da BMP, a tipo 2 e a tipo 7 (são 15 tipos no total) são identificadas pelos cientistas com a produção de crescimento ósseo. Soma-se a isso o fato de, desde os anos 1960, os pesquisadores já conhecerem os genes responsáveis pela síntese da BMP.
Com esses ingredientes todos dentro do laboratório, o caminho era conseguir, a partir de uma linhagem de células retiradas do ovário de um hamster, fazer com que a proteína fosse sintetizada.
"O grande desafio é conseguir uma quantidade importante de proteína e que ela tenha a atividade desejada", afirma Erik Halcsik, que também participa dos trabalhos na USP.
E o grupo, aparentemente, conseguiu. Os novos genes são colocados por meio de vetores (anéis de DNA nos quais os cientistas inserem os genes de interesse) dentro das células. Eles acabam sendo inseridos no genoma normal das estruturas celulares que, portanto, vão produzir a proteína desejada.
Após vários testes, que mostraram quais os ingredientes da receita de bolo precisavam ser mais bem trabalhados, o grupo da USP decidiu que tudo estava pronto. Os primeiros testes, então, foram feitos. E as pesquisas conseguiram promover o crescimento ósseo em camundongos. Foram seis anos de trabalho desde o início do projeto.

Celulares
deterioram
neurônios

Ratos expostos a radiação de celulares apresentaram maior mortalidade e perda de memória[Título em três linhas de 10 a 12 caracteres]
[Subtítulo de 70 a 80 caracteres]

da EFE (republicada no Estadão)

BRUXELAS - A taxa de mortalidade entre os ratos aumenta e sua memória se deteriora após longas exposições às ondas de radiação emitidas pelos telefones celulares, segundo a tese de doutorado do pesquisador belga Dirk Adang, cujos resultados são revelados nesta terça-feira, 24, pelo jornal Le Soir.

Adang defendeu ontem, na Universidade Católica de Louvain-La-Neuve, sua tese dedicada aos efeitos das ondas lançadas pelo aparelho na saúde de 124 ratos de laboratório.

Para seu estudo, expôs três grupos de ratos durante 18 meses (70% da média de vida dos roedores), por duas horas ao dia, a níveis diferentes de ondas, enquanto outros animais ficaram em um grupo de controle não exposto às ondas.

Nos três grupos de ratos expostos à radiação, as taxas de mortalidade alcançaram 48,4%, 58,1% e 61% - muito superiores aos 29% do grupo de controle.

Adang verificou também o impacto das ondas sobre a memória dos roedores e concluiu que uma longa exposição de 15 meses lhes causou "evidentes perdas de memória".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que se espere até 2015 para avaliar o impacto das ondas de radiação no homem, já que o telefone celular surgiu com força em 1998, lembra o investigador.

Segundo o diretor da tese, o catedrático André Vander Vorst, "as normas atuais de radiação máxima na maior parte dos países europeus não são suficientemente rigorosas, exceto na Suíça e em Luxemburgo".

"Os outros países parecem estar esperando os resultados dos estudos de 2015", explica Vander Horst, que é a favor de normas mais rigorosas mesmo antes de ser provado que a radiação emitida por celulares é perigosa para a saúde.

O cientista diz que ficou impressionado com a amplitude dos resultados, mas reconhece que é necessário ser muito prudente na hora de transferir o resultado desta pesquisa para o ser humano, já que é preciso levar em consideração fatores como a morfologia, a pele e o relógio biológico, dentre outros.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mapeamento genético permite identificação de informações sobre ganho de peso e consumo de alimento em frangos

Imagine como seria a tarefa de encontrar uma pessoa em uma cidade como São Paulo sem qualquer informação sobre o seu endereço. Um trabalho parecido com esse é realizado pelos pesquisadores que buscam localizar a posição de um gene no código genético de uma espécie.

Para aumentar as chances de sucesso dessa busca, os cientistas procuram identificar regiões específicas do DNA, chamadas em inglês de Quantitative Trait Loci, ou QTL's, que sejam responsáveis pela manifestação de alguma característica particular. A identificação desses fragmentos de DNA seria equivalente a identificar o bairro onde uma pessoa mora, facilitando assim que ela seja encontrada.

Partindo desse pressuposto, os mapeamentos genéticos são conduzidos de maneira a limitar cada vez mais a região onde um gene específico possa estar posicionado dentro de um genoma. Assim, do bairro, a busca é reduzida para a rua; da rua para a quadra até que, finalmente, a localização exata do gene seja estabelecida.

Foi aplicando esse princípio que o pesquisador Millor Fernandes do Rosário, do Laboratório de Biotecnologia Animal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq, localizou duas regiões no genoma do frango onde estão contidos genes que expressam características importantes para os produtores avícolas.

A pesquisa de Millor teve como objetivo determinar como essas regiões do genoma controlam algumas características, como o rendimento das aves. Para isso, o pesquisador relacionou matematicamente algumas informações genéticas dos animais com as suas características externas, chamadas de fenotípicas. “Para juntar esses conjuntos de dados existem modelos matemáticos que fazem a união desses dois conjuntos de dados”, explica o pesquisador.

Ele conta que os dados utilizados no estudo são resultado de análises de características fenotípicas e de DNA realizadas em amostras de frangos de uma variedade desenvolvida pela Embrapa Suínos e Aves, localizada na Cidade de Concórdia, em Santa Catarina.

A
partir dessas amostras, o pesquisador, junto ao doutorando Rodrigo Gazafi, desenvolveu e aplicou um novo método matemático que possibilitou analisar um maior número de informações dessas aves, e relacionar com mais exatidão os dados das características externas com o genoma desses frangos.

Até então, esse tipo de análise era realizada com a aplicação de um método chamado mapeamento por intervalo que, de acordo com o pesquisador, apresenta algumas limitações.

Utilizando como base referências teóricas, Millor e outros pesquisadores desenvolveram um programa de computador capaz de realizar o chamado mapeamento por intervalo composto, mais elaborado e preciso.” Ele é mais elaborado porque utiliza não só a informação de um pequeno fragmento do DNA, mas, toda a informação do DNA que nós geramos”, revela.

A nova técnica possibilitou a Millor identificar 21 regiões presentes no genoma do frango, o que representa 50% a mais de eficiência em relação ao método tradicional. Das 21 regiões, duas não eram descritas na literatura científica.

Uma delas contém genes responsáveis pelo ganho de peso das aves, e a outra pelo consumo de alimento. Ele explica, no entanto, que ainda não é possível exatamente especificar quantos e quais desses genes expressam essas características. “Essas regiões contem os genes, mas nós ainda não sabemos exatamente qual desse genes é responsável por uma característica específica”, conta Millor.

“Agora, em um próximo passo nós já sabemos em qual região eles estão presentes e isso vai facilitar a sua identificação exata”, visualiza o pesquisador.

Millor explica que a importância desse tipo de pesquisa diz respeito à produção de conhecimento. Apesar da grande repercussão alcançada pelas pesquisas com genética, suas aplicações práticas são alcançadas apenas em médio e longo prazo. “Estamos gerando conhecimento. Apesar desses resultados serem inéditos e inovadores os benefícios desse conhecimento para o produtor ainda vão levar muito tempo”, afirma.

O pesquisador conta que a identificação dessas informações vai permitir a definição de marcadores moleculares que podem indicar ao produtor as características específicas de uma ave. Isto possibilitará o desenvolvimento de variedades mais eficientes pelos programas de melhoramento genético de aves no País. “Esse marcador pode nos indicar uma característica específica de uma ave como, por exemplo, se aquele indivíduo vai ter um peso superior, isso com certeza vai facilitar a vida do produtor lá na sua granja”, explica Millor.

A tese de Millor Fernandes do Rosário foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento da Esalq. O estudo contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp. O pesquisador também contou com auxílio da Embrapa Suínos e Aves e dos departamentos de zootecnia e genética da Esalq.